12 de abril de 2011

No bairro do amor...

Já dizia a canção do Jorge Palma. E o meu bairro acabou de me mostrar que é isso mesmo: um bairro de amor.

O meu bairro tem muitas características: É completamente Benfiquista (até os cães de rua que são adoptados pelos residentes têm nomes alusivos ao clube!), tem um mini-Central Park, como gosto de o definir, onde se vê, diariamente, crianças a brincar com os pais, solitários a apanhar sol e a pensarem na vida, donos com os seus melhores amigos de 4 patas, joggers e ciclistas, grupos de velhotas sorridentes, que caminham enquanto põem a conversa em dia e grupos de velhotes de barriga à mostra, enquanto caminham e falam de futebol ou do estado da nação.

Nas noites quentes, é ver novos e velhos na rua, a jogarem às cartas ou futebol à noite, em amena cavaqueira até às tantas (às vezes até demais). Em qualquer estabelecimento comercial, quer seja mercearia, talho ou farmácia, conhecem-nos pelo nome e perguntam sempre pela família.

Mas não é só coisas boas! Infelizmente, há quem goste de o sujar com graffitis, no chão ou murais dos prédios, e ainda na semana passada vi a empregada de um vizinho meu deitar pela janela fora um pacote de bolachas vazio. Azar, eu vi, antes de fechar a persiana. Ainda toquei à campainha para devolver o "perdido", mas como não atenderam, coloquei na respectiva caixa do correio.

Mas voltando ao amor. Aqui as pessoas gostam dos animais, e acabam por adoptar muitos dos que são abandonados. Um dos mais antigos é o Alex (o Mantorras já foi adoptado). Este doce pastor alemão é alimentado e cuidado, há vários anos, pelas pessoas do bairro, em particular pelo dono do talho. Infelizmente, há um tempo o Alex foi atropelado. Agora anda coxo, mas foi imediatamente levado ao veterinário.

Para não ir para a estrada, agora está preso à carrinha, onde fica à noite, que está estacionada de porta aberta em frente ao talho, onde ele passa a maior parte do tempo. A trela é só prevenção, pois é um bichinho muito tranquilo. Quando fui, agora, ao talho, fiquei a saber porque lhe estavam a dar a comida à boca: os antibióticos eram fortes e ele não andava a comer. Passado um bocadinho, tiraram-lhe a trela, e o Alex decidiu levantar-se e ir de livre vontade ter com a sua amada (que agora vive com o Mantorras). De vez em quando ele faz isso... Mas não olha para os dois lados da estrada, e por isso só ouvi a mulher do senhor do talho dizer para um outro que estava dentro da carrinha: Ó (não me lembro agora do nome), olha o menino!

O menino era, nada mais, nada menos, que o Alex. Então ela foi com ele, sem o prender, até onde ele queria ir, só para ter certeza que nada lhe acontecia.

Se isto não é amor, o que será?

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