10 de fevereiro de 2010

Solar de azulejos

Não há muito tempo elogiei o atendimento do comércio tradicional, em particular no Príncipe Real e Bairro Alto, pois a educação e simpatia das pessoas lá é única.

Infelizmente, há sempre uma ovelha negra. Neste caso essa "ovelha" é uma loja que tem as mesmas características que a Versailles ou A Brasileira: é um local turístico.

Esta loja, que vende, entre outras coisas, azulejos lindíssimos desde o século XVI ao século XIX, quase passa despercebidia na Rua Dom Pedro V. Mas assim que entramos somos inundados por beleza e um ambiente único.

Na loja existem 6 salas, e é um verdadeiro deleite entrar e olhar tanta beleza. Se a nós, portugueses, já nos delicía, quanto mais aos estrangeiros.

Esta casa existe há mais de 50 anos. E há cerca de 20 que tem uma empregada lá, especializada na área e com um conhecimento vastíssimo sobre o assunto. Infelizmente, trata os clientes como burros. Eu e a minha mãe estávamos na loja, a falar dos azulejos, tanto quanto possível, e ela a falar, sempre com bastante arrogância, principalmente para a minha mãe, o que me começou a fazer ferver por dentro.

Quando a empregada, uma mulher com bem mais de 50 anos, disse que havia mais 6 salas, obviamente que quis viistar. Tive de pedir para mostrar, pois a iniciativa não partiu dela. Ao ponto de só ter mostrado mais 3 salas. As restantes vi ao longe.

Pouco mais tarde percebi porque reagia daquela forma. A razão é muito simples, e nada tem a ver com eu e a minha mãe sermos portuguesas (infelizmente, em alguns locais tratam mal os portugueses e bem os estrangeiros). Tinha sim, a ver, com o facto de termos entrado para ver. A mulher ficava muito chateada cada vez que entravam lá pessoas, portugueses ou estrangeiros, para ver a loja, tirar fotografias, ou o que seja, e não compravam nada.

O cúmulo foi quando eu e a minha mãe íamos a sair, e entrou um casal estrangeiro, e ela vira-se para nós e diz, em português "Vêem ver. Só querem ver. Pedem sempre para ver". O casal tinha acabado de entrar!!! E este é o tipo de coisas cuja compra não resulta de impulso! E para comprar, é preciso ver.

Se este casal comprou algo ou não, não sei, pois saí quando entraram. No entanto, eu vi uns painéis de azulejos que julgo que ficariam muito bem na minha varanda. Claro que não ia comprar ali, assim, do pé para a mão. Precisei saber medidas dos azulejos, medir a parede onde os iria aplicar, e imaginar como ficariam quando colocados. Se não tivesse entrado na loja, nunca os tería visto, e assim, de certeza, que nunca consideraria comprá-los. E estes não estavam numa das salas que vi!

Não gostei, minimamente, da atitude desta mulher, e achei de tremendo mau gosto fazer aquele comentário sobre o casal que tinha entrado, não só pelo que disse, mas por o ter feito, literalmente, nas costas deles, e numa lígua que não compreendem.

Quase nos faz desejar que os cafés e lojas como esta não tenham o sucesso que têm. Não merecem, e talvez assim não tratassem o cliente como bem dispensável.

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